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Foto do escritorAlexandre Boure

Como escrever um livro, passo a passo


Como escrever um livro, passo a passo? Todos nós pensamos ter um livro a ser escrito dentro de nós, seja uma pura obra de nossa imaginação, com mundos fantásticos e seres extraordinários, seja relatando histórias de superação de nossas próprias vidas ou até mesmo um trabalho teórico sobre algum assunto que dominamos.

E, realmente, muita gente tem este livro importante a ser escrito.

No fundo, a diferença essencial entre os escritores de fato e aqueles que apenas sonham com isto é uma só: os escritores de verdade escrevem e, geralmente, publicam seus livros, enquanto os demais apenas adiam esta atividade, pensando ser ela inatingível.

Escrever um livro não é uma tarefa tão complicada. Exige apenas disciplina e um conhecimento das técnicas e princípios para produzir uma obra de qualidade. Leia também essas dicas sobre como começar a escrever.

Mas, se fôssemos dividir o trabalho de escrita em três passos, estas etapas seriam mais ou menos como o que se segue, e isto vale tanto para obra de ficção, como romances, novelas ou contos, e obras de não-ficção, como obras de conhecimento geral, acadêmicas, biografias, História, etc.

Planejamento e pesquisa do livro

Via de regra, a maioria dos livros exigirá um tempo de planejamento e pesquisa.

Neste passo, você deverá conceber a estrutural formal do seu livro, quantas partes ou capítulos terá aproximadamente, quem são os personagens principais da trama e uma ideia geral ou até mesmo detalhada do enredo, ou seja, do que ocorrerá na história.

Se você pretender se munir de certas estruturais narrativas ficcionais tradicionais, como a Jornada do Herói, a estrutura de 3, 5 ou 7 atos, ou por uma forma menos convencional ou experimental, esta é a hora de sentar e elaborar cada um dos pontos principais da trama, o que ocorre em cada etapa da história e ter uma noção, mesmo que ainda não muito clara, de como será o final.

Mas não se preocupe demais com isto, pois, ao longo da escrita, há grandes probabilidades que você altere o rumo das coisas, principalmente quando seus personagens criarem vida própria e começarem a ditar os rumos da trama.

Este também é o momento de iniciar a sua pesquisa e reunir o material de suporte. Como você organizará esta etapa dependerá muito do seu próprio estilo, pois alguns preferem realizar uma pesquisa profunda e detalhada, enquanto outros preferem ter uma noção básica, enquanto continuam pesquisando durante a escrita de fato.

Se este for o seu primeiro livro, será um tremendo momento de descoberta daquilo que funciona ou não para si e que facilitará o seu trabalho em livros futuros. Mesmo assim, não se acomode nem se iluda que o processo de um livro será idêntico para os seguintes. Cada obra propõe seus próprios desafios e muitas soluções que deram muito certo em determinada circunstância talvez não sejam as mais apropriadas para outras semelhantes.

A escrita do seu livro

Você já tem um roteiro elaborado e certas diretrizes para o seu livro. Também já possui o resultado da sua pesquisa.

Agora chegou a hora de arregaçar as mangas e lançar-se à escrita.

Na minha experiência, esta é de longe a etapa mais prazerosa, na qual você começa a ver tudo aquilo que imaginou e sonhou tomando forma e ficando encorpado. Também pode ser o momento mais angustiante, quando você se depara com problemas e dificuldades, decorrentes tanto do próprio livro quanto da vida real. Muitas vezes, os compromissos diários do trabalho, da vida pessoal, das nossas obrigações cotidianas tendem as nos puxar para fora do trabalho literário, a sempre nos obrigar a postergar a criação. A internet e outras distrações também podem atrapalhar bastante.

Então você precisa estabelecer uma rotina e uma disciplina.

Para escrever um romance ou qualquer outra obra longa, a disciplina é fundamental. O livro não vai se escrever sozinho. Você precisa dedicar pelo menos meia hora ou mais por dia durante meses ou até anos para, enfim, concluir um livro.

A estratégia mais eficaz é tentar escrever a primeira versão o mais rápido possível, sem se importar tanto com ortografia, gramática ou mesmo com problemas de coerência ou estruturais. Tudo isto poderá ser revisado e corrigido posteriormente.

Nesta etapa, o mais importante é pôr tudo no papel antes que você perca o ritmo ou o gás, pois é muito árduo retomar uma obra que ficou abandonada no computador por meses ou semanas.

O cemitério dos livros possíveis está repleto destas obras inacabadas.

Mas, mais uma vez, não existe um caminho certo nem único. O que funciona para um escritor talvez não seja o melhor para outro.

Talvez você seja do tipo que gosta de trabalhar lentamente, revisando e reescrevendo cada trecho até a perfeição antes de seguir para a página seguinte. Também é uma possibilidade, desde que você consiga concluir a sua obra em algum momento. Falo sobre esse processo em um bate-papo online aqui.

Uma vez que você tenha em mão a primeira versão do manuscrito, que muitos diriam que foi o momento da inspiração, então começa de fato o trabalho duro, a transpiração.

Edição e revisão do seu texto

Você passou semanas, meses ou até anos escrevendo a primeira versão do seu livro.

Agora chegou aquela etapa na qual você precisará voltar a ele para lapidá-lo, para finalmente extrair a joia daquele diamante bruto.

Este é o trabalho duro de fato, quando você precisará analisar criticamente o seu trabalho, para expandir trechos obscuros ou incom-pletos, cortar outros trechos desnecessários, corrigir falhas e imperfeições, trabalhar sobre a gramática e ortografia para atingir o melhor texto possível.

A minha primeira recomendação é deixar o manuscrito descansar por uns dias ou semanas após você ter posto o ponto-final.

Deste modo, você poderá analisá-lo de um modo um pouco mais objetivo quando voltar para relê-lo. Durante a escrita, estamos tão envolvidos com a criação que dificilmente conseguimos detectar certos problemas, portanto, este afastamento é bastante útil.

O trabalho sobre uma primeira versão pode ser bastante doloroso emocionalmente, pois, muitas vezes, teremos de cortar na carne partes ou capítulos inteiros que podem até ser bons, mas que não fazem sentido serem mantidos.

Mais uma vez, cada escritor tem o seu próprio método para esta fase, mas, via de regra, você precisará trabalhar sobre duas ou três versões do seu livro antes de chegar ao fim definitivo. Alguns escritores podem trabalhar sobre dezenas de versões.

Embora muitos de nós corram o risco de tentar ser perfeccionista, é crucial saber determinar o momento de encerrar o trabalho de escrita e edição.

Escrever é bom, mas terminar um livro é melhor ainda.

Por outro lado, ao ter o seu livro pronto, é bastante provável que você seja tomado por uma sensação de vazio e até de tristeza, pois você finalmente está se despedindo daqueles personagens com os quais conviveu por muito tempo.

Descanse um pouco, curta esta despedida, mas não demore muito para começar a escrever o próximo livro.

Você logo descobrirá que um livro puxa o outro, e que o grande prazer do escritor ocorre durante estes momentos de intensa criação, quando ele se sente um pouco deus ou mestre daqueles mundos incríveis que concebeu.

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