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Por que certos livros alcançam altitudes mais altas que outros, e qual será o voo do seu?



Quem poderá prever a altitude que um livro irá alcançar ao sair da “pista”? Ao longo de centenas de anos poucos conseguiram saber o destino de um livro enquanto ele ainda estava no processo de editoração ou impressão. Livros que pareceram grandes apostas ao sucesso na mente dos editores ao ganharem os céus do mundo se perderam entre nuvens escuras, foram esquecidos e ignorados e desapareceram em prateleiras obscuras. São milhares deles. Por outro lado, houve livros que pareciam fadados a venderem pouco, “aviões defeituosos, ou de asas pequenas, destinados a voarem baixo e desaparecerem”, e no entanto, subiram tão alto, mas tão alto que parecem estarem destinados a um voo eterno, ou ao menos muito longo. Um sucesso de muitos anos.


Nesse artigo vamos dar alguns exemplos e argumentar um pouco sobre essa coisa quase abstrata que é o sucesso de um livro. Mas esse universo é bem mais interessante quando pensamos na quantidade de livros que voaram baixo por muito tempo e depois subiram a estratosfera em vendas. Como funciona esses fenômenos? Bem eles são bem difíceis de definir ou explicar sua natureza por completo, pois envolvem centenas ou milhares de características.


É notório que essas características mudem em determinadas épocas, tudo está em movimento, a literatura muda por inúmeras razões culturais e sociais. Então podemos ter em uma época algo mais histórico e complexo como característica-mestra e em outra a total simplicidade, entre outros tanto elementos que poderemos comparar.


Bem, então se isso é tão difícil de demonstrar o que podemos fazer para tirar algum exemplo dos livros mais bem-sucedidos. Embora não haja uma ou duas característica simples que se possa modelar em seu livro para de repente tentar seguir como um desses “grandes aviões literários”, você pode tomar a característica principal que envolve naturalmente outras características e qualidades, ou eventos peculiares para torná-lo sucesso, mas é possível sim ver o principal desses livros vencedores. Os 3 pilares. Abaixo vamos listar alguns livros e falar sobre quais características-mestras os elevou a uma grande altitude de sucesso.


Um Conto de Duas Cidades – Charles Dickens – 1859




A característica-mestra desse romance, que nunca parou de vender e até hoje já alcançou cerca de 210 milhões de exemplares vendidos, começa pelos temas culpa, vergonha e retribuição não deixam de ser temas universais, mas quantas centenas de outros não houveram com os mesmos temas e não chegaram nem perto do voo alcançado por Um Conto de Duas Cidades? Certamente muitos. Então a característica-mestra não garan-te a vendagem? Ela deve estar sempre atrelada a outras caracte-rísticas de suporte, no caso o pano de fundo que é a Revolução Francesa nesse romance e o trato cuidadoso narrativo de Dickens. Veja que são só 3 características que sustentam o romance e o elevam ao enorme sucesso. Se tirarmos uma delas o romance seria um sucesso? Não posso garantir, mas é bem provável que não.


O que concluímos


Que Um Conto de Duas Cidades só alcançou seu êxito por 3 características claras: Tema – Pano de Fundo Histórico – Narrativa Cuidadosa (estilo).

Sem uma delas ou uma ou mais característica fragilizadas o romance poderia ainda ser bom, mas vender 210 milhões de exemplares é bem provável que não. Talvez nem 5% disso.



O Pequeno Príncipe – Antoine de Saint-Exupery – 1943



Publicada nos EUA, 1 ano antes da morte de seu autor Antoine de Saint-Exupery que desapareceu em algum lugar na França num voo de reconhecimento, O Pequeno Prínci-pe já foi traduzido para mais de 250 idiomas e dialetos e vendeu até hoje cerca de 148 milhões de exemplares.


A característica-mestra dessa fábula são suas questões filo-sóficas: a perda da inocência e fantasia ao longo dos anos, confor-me as pessoas vão crescendo e abandonando a infância. Essa é a principal, mas há outras questões. Poderíamos dizer que a caracte-rística-mestra são as questões filosóficas que é sustentada por características de suporte criação de frases filosóficas e poéticas como: "O essencial é invisível aos olhos, e só se pode ver com o coração." Ou: "Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante." O terceiro pilar é o visual. O visual minimalista e inusitado de um principezinho que vive em um asteroide que tem 3 vulcões e uma rosa.


O que concluímos


Do mesmo modo que argumentamos sobre Um Conto de Duas Cidades encontramos em O Pequeno Príncipe a mesma necessidade dos 3 pilares de características-mestras, sendo a principal e as outras 2 que a sustentam. Sem elas O Pequeno Príncipe seria O Pequeno Príncipe que conhecemos? Se é que tirando um dos pilares chegaríamos a conhecê-lo. Pois talvez podemos mexer apenas um pouco no visual e não muito, mas mesmo sendo esse o terceiro pilar não sabemos se o livro chegaria a ter o mesmo sucesso com uma descrição que evocasse em sua imaginação imagens diferentes. Quanto aos dois primeiros pilares se mudados não teríamos nunca visto O Pequeno Príncipe, talvez tivesse vendido 50 exemplares entre os amigos e parentes de Antonie.



O Código da Vinci – Dan Brow – 2003




Agora falamos de algo mais recente e de qualidade literária, do meu ponto de vista e de muitos, inferior. Esse thriller publicado em 2003 vendeu até hoje cerca de 82 milhões de exemplares em todo mundo.

A característica-mestra desse romance é a “provocação” com conceitos e símbolos históricos e religiosos. A característica-mestra é entregar uma informação que muda tudo que se pensa até então. No caso, Jesus Cristo e Maria Madalena eram casados e tiveram filho. As características de suporte: um conjunto de enigmas que entrelaçam a trama e o painel histórico, religioso e científico.




O que concluímos


Diferente dos dois livros acima; Um Conto de Duas Cidades e O Pequeno Príncipe, o livro de Dan Brow não tem estilo e graça em sua escrita. Os 3 pilares que os sustentam é a característica-mestra que nada mais que uma notícia alarmante de valores universais; No caso, Maria Magdalena foi casada com Jesus e tiveram filhos. Criada essa polêmica Dan Brow partiu para o Segundo pilar: uma trama com enigmas e o Terceiro pilar: (muito criticado por ser impreciso e tendencioso) que é o pano de fundo histórico e científico onde os pontos se ligam.


Coloquei esse livro de Dan Brow para vermos o contraste entre os outros dois. Se O Código da Vinci de Dan Brow com uma escrita ruim, temas sem grande valor moral, precisasse dos valores encontrado nos livros de Dickens ou Antonie, ele estaria perdido, mas a literatura tem muitas possibilidades e ele usou outros pilares para alcançar um livro de alto volume de vendas, embora inferior no que diz dos elementos mais ricos da literatura.


E você o que acha que faz um livro alcançar voos mais altos do que outros? Comente aí embaixo, vamos ficar curiosos em saber.


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78 visualizações1 comentário

1 Comment


consultorcomercial
Dec 28, 2019

Toda a fé do mundo se baseia em invencionices. É essa a definição de fé, aceitação daquilo que imaginamos ser verdade, que não podemos provar. Todas as religiões descrevem Deus através de metáforas, alegorias e hipérboles, desde os egípcios até o catecismo moderno. As metáforas são uma maneira de processar o improcessável. Os problemas surgem quando começamos a levar nossas metáforas ao pé da letra. (Trecho do Livro de Dan Brown “O Código da Vinci”.)


O que me parece interessante no livro de Dan Brown é que ele levanta uma questão muito importante: se líderes da Igreja eliminaram tantas coisas da história do cristianismo primitivo, que outras informações nos teriam sido sonegadas? O que mais há para ser sabido?


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