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Foto do escritorAlexandre Boure

10 Grandes Escritores Brasileiros Negros do século XIX aos dias Atuais




1. Machado de Assis (1839-1908)


  • Nascimento: Rio de Janeiro, em uma família pobre, filho de um operário mestiço e de uma lavadeira portuguesa.

  • Dificuldades: Como negro e órfão, Machado teve dificuldades de ascender na sociedade carioca do século XIX. Foi autodidata, superando a discriminação racial.

  • Além da escrita: Fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Trabalhou como tipógrafo, jornalista e funcionário público.

  • Principais livros: Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba.

  • Vendas: Suas obras continuam a ser amplamente vendidas e estudadas em escolas e universidades no Brasil e no mundo.

  • Últimos anos: Após a morte de sua esposa, Carolina, Machado viveu de forma reclusa, embora mantivesse intensa produção literária e correspondência.

  • Trecho (Memórias Póstumas de Brás Cubas): "Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis."

  • Crítica especializada: Antônio Candido disse que "Machado revela uma visão amarga da humanidade, mas com uma leveza de espírito que só os grandes autores possuem."


2. Maria Firmina dos Reis (1825-1917)



  • Nascimento: São Luís, Maranhão.

  • Dificuldades: Mulher negra, Firmina enfrentou o preconceito de gênero e raça, especialmente em uma sociedade patriarcal. Foi uma das primeiras escritoras brasileiras negras a ganhar notoriedade.

  • Além da escrita: Professora e abolicionista, foi também compositora e colaboradora em jornais.

  • Principais livros: Úrsula (romance abolicionista), Gupeva.

  • Vendas: Úrsula teve circulação limitada em sua época, mas ganhou relevância com o resgate acadêmico e a republicação no século XXI.

  • Últimos anos: Viveu os últimos anos em reclusão e esquecimento, embora sua obra tenha sido redescoberta no século XX.

  • Trecho (Úrsula): "O cativeiro é a pior das misérias, e que, em parte alguma, o sofrimento é tão agudo como entre os infelizes escravos."

  • Crítica especializada: Eduardo Assis Duarte afirmou que "Firmina dos Reis é precursora na denúncia literária do sistema escravocrata, uma voz visionária."


3. Luiz Gama (1830-1882)


  • Nascimento: Salvador, Bahia.

  • Dificuldades: Filho de uma africana livre e um português, Luiz Gama foi vendido como escravo pelo próprio pai aos 10 anos. Alfabetizou-se na juventude e lutou para conquistar sua liberdade.

  • Além da escrita: Advogado autodidata e jornalista, foi um dos principais abolicionistas do Brasil. Defendeu juridicamente mais de 500 escravos, libertando muitos deles.

  • Principais livros: Primeiras Trovas Burlescas de Getulino (1859), poesia satírica.

  • Vendas: Embora suas vendas literárias fossem modestas, seu impacto político e social foi imenso.

  • Últimos anos: Luiz Gama morreu antes da abolição, mas seu legado na luta pela liberdade foi imortalizado.

  • Trecho (Primeiras Trovas Burlescas de Getulino): "Eu sou homem de cor, todos sabem, / o meu valor está nos meus atos, / não nos punhos de ouro dos meus fatos."

  • Crítica especializada: Eduardo de Assis Duarte destaca que "Luiz Gama foi uma das mentes mais brilhantes de sua geração, unindo a luta jurídica com a força poética."


4. Carolina Maria de Jesus (1914-1977)


  • Nascimento: Sacramento, Minas Gerais.

  • Dificuldades: Mulher negra e pobre, Carolina viveu na favela do Canindé, em São Paulo, como catadora de papel. Sua escrita, baseada em diários, expôs as realidades da pobreza e da exclusão social.

  • Além da escrita: Publicou seu diário como Quarto de Despejo, tornando-se um best-seller internacional. Foi também compositora.

  • Principais livros: Quarto de Despejo, Casa de Alvenaria.

  • Vendas: Quarto de Despejo vendeu mais de 1 milhão de cópias e foi traduzido para 13 idiomas.

  • Últimos anos: Apesar do sucesso, Carolina voltou a viver na pobreza nos últimos anos de sua vida, sem o mesmo reconhecimento que obteve no auge de sua carreira.

  • Trecho (Quarto de Despejo): "Eu classifico São Paulo assim: o palácio é o ponto mais alto da cidade, e a favela é o quarto de despejo."

  • Crítica especializada: O crítico Harold Bloom a descreveu como "uma voz autêntica e poderosa da literatura periférica."


5. Milton Santos (1926-2001)


  • Nascimento: Brotas de Macaúbas, Bahia.

  • Dificuldades: Perseguido pela ditadura militar, Milton Santos foi exilado. Enfrentou o racismo em sua carreira acadêmica, mas se destacou no campo da geografia humana.

  • Além da escrita: Geógrafo e professor, ganhou o Prêmio Vautrin Lud, o mais prestigiado no campo da geografia.

  • Principais livros: Por uma Outra Globalização, A Natureza do Espaço.

  • Vendas: Suas obras acadêmicas tiveram grande circulação no Brasil e no exterior, impactando a geografia e as ciências sociais.

  • Últimos anos: Ganhou reconhecimento internacional e continuou ativo no debate intelectual até sua morte.

  • Trecho (Por uma Outra Globalização): "A globalização perversa precisa dar lugar a uma globalização humana."

  • Crítica especializada: Paulo Arantes o chamou de "um dos maiores pensadores brasileiros do século XX."

 

6. Lélia Gonzalez (1935-1994)


  • Nascimento: Belo Horizonte, Minas Gerais.

  • Dificuldades: Mulher negra em um ambiente intelectual predominantemente branco, Lélia enfrentou preconceitos tanto de gênero quanto de raça.

  • Além da escrita: Foi professora, ativista do movimento negro e feminista. Pioneira no debate sobre questões raciais no Brasil.

  • Principais livros: Festas Populares no Brasil, O Lugar de Negro.

  • Vendas: Suas obras são fundamentais para o estudo das relações raciais no Brasil, com crescente circulação nas últimas décadas.

  • Últimos anos: Lélia morreu relativamente jovem, mas deixou um legado crucial para a luta antirracista e feminista.

  • Trecho (O Lugar de Negro): "Ser negro no Brasil é ser símbolo vivo de resistência e resiliência."

  • Crítica especializada: Sueli Carneiro afirma que "Lélia Gonzalez trouxe a perspectiva interseccional muito antes do termo ser cunhado."

 

7. Conceição Evaristo (1946-)


  • Nascimento: Belo Horizonte, Minas Gerais.

  • Dificuldades: Mulher negra, Evaristo enfrentou a marginalização tanto literária quanto social, mas emergiu como uma das grandes vozes da literatura contemporânea.

  • Além da escrita: Professora e ativista, é uma referência no movimento literário afro-brasileiro.

  • Principais livros: Ponciá Vicêncio, Olhos d'Água.

  • Vendas: Suas obras têm ganhado amplo reconhecimento e são estudadas em universidades.

  • Últimos anos: Continua ativa na literatura e na militância política.

  • Trecho (Olhos d'Água): "Tinha os olhos molhados de lembranças que nunca secariam."

  • Crítica especializada: Heloísa Buarque de Hollanda afirmou que Evaristo "une lirismo e denúncia com maestria."

 

8. Cuti (Luiz Silva) (1951-)


  • Nascimento: Ourinhos, São Paulo.

  • Dificuldades: Enfrentou o racismo estrutural e a invisibilidade da literatura afro-brasileira no cenário nacional.

  • Além da escrita: Poeta, dramaturgo e professor, é uma figura importante na disseminação da literatura negra no Brasil.

  • Principais livros: Negroesia, Poemas da Carapinha.

  • Vendas: Embora não seja um best-seller, suas obras têm grande impacto entre os leitores do movimento negro e em círculos acadêmicos dedicados à literatura afro-brasileira.

  • Últimos anos: Continua ativo na literatura e no teatro, além de ser uma figura importante na luta por maior visibilidade da produção literária de autores negros.

  • Trecho (Negroesia): "No meu verso, o corpo negro se impõe, ocupa espaços, se faz verbo."

  • Crítica especializada: Eduardo de Assis Duarte afirmou que "Cuti é um dos mais consistentes poetas da negritude no Brasil, carregando em seus versos a força da resistência."


 9. Eliane Marques (1978-)


  • Nascimento: Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

  • Dificuldades: Mulher negra em um ambiente literário restrito e elitista, Eliane Marques enfrentou a dificuldade de ser reconhecida em um espaço dominado por vozes brancas.

  • Além da escrita: Além de escritora, Marques é advogada e defensora dos direitos humanos, especialmente das populações marginalizadas.

  • Principais livros: E Se Alguém Ouvia, Corpos Secos.

  • Vendas: Ganhou destaque na cena literária contemporânea e suas obras têm sido cada vez mais estudadas e valorizadas.

  • Últimos anos: Continua ativa no campo literário, além de atuar no ativismo social.

  • Trecho (E Se Alguém Ouvia): "As palavras são as minhas asas para voar além das dores."

  • Crítica especializada: O escritor Luiz Ruffato declarou que "Eliane Marques traz a força da linguagem como denúncia e resistência, com uma sensibilidade única para temas sociais."

 

10. Cristiane Sobral (1974-)


  • Nascimento: Rio de Janeiro.

  • Dificuldades: Mulher negra enfrentando a dupla marginalização de gênero e raça, Cristiane Sobral luta para encontrar espaço na literatura brasileira, historicamente dominada por homens brancos.

  • Além da escrita: É atriz, diretora de teatro e educadora, além de escritora. Seu trabalho literário é intimamente ligado ao feminismo negro e à luta por igualdade racial.

  • Principais livros: Não Vou Mais Lavar os Pratos, Só Para Mulheres Negras.

  • Vendas: Suas obras são muito populares entre movimentos sociais e feministas, especialmente nas redes de literatura negra.

  • Últimos anos: Continua ativa como escritora e artista, participando de eventos literários e promovendo a inclusão de mulheres negras na literatura.

  • Trecho (Não Vou Mais Lavar os Pratos): "Minha poesia é a minha revolução, e cada palavra é um ato de liberdade."

  • Crítica especializada: Cristiane Sobral é reconhecida por muitos críticos como uma das principais vozes da literatura afro-brasileira contemporânea, desafiando normas sociais e artísticas com sua escrita ousada e crítica.




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