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Pearl S Buck sintetiza o homem ocidental através de uma China antiga.


A Boa Terra é sobretudo uma épica narrativa de sobrevivência, mas é muito mais que isso. Wang Lung, o personagem central, é a força motriz desse soberbo romance. É a ele a que estamos ao lado nessa jornada de luta e descobertas numa China antiga.

Uma das forças do livro é apresentação tão fresca e crua de uma China esquecida. Pearl utiliza dos personagens e descrições sutis para nos dar uma dimensão de um lugar diferente, de uma China antiga e quase desconhecida.

A história por fim é universal, e pode representar o homem e suas mazelas, o homem que luta e transforma algo através do esforço. Só isso é bastante lenha para um bom romance.

Mas um romance extraordinário, como A Boa Terra necessita de elementos diversos.

Wang Lung é um homem simples, pobre, vivendo em um casebre com o pai.

O romance se inicia com anúncio do casamento de Wang Lung, o que já revela um personagem que inicia uma vontade de mudança . A vida de Wang Lung desperta. Ele se casa e sua mulher chama-se O-lan. Ela vem de uma grande casa e lá certamente foi ensinada a servir como escrava, mas a resignação em trabalhar nos arrozais sem reclamar de nada, sem praguejar é comovente. Nesse momento que Wang Lung começa a se transformar, e Pearl começa a nos dar um painel da psicologia do homem comum, e que a simplicidade nada mais que uma condição aceitável por se viver em uma realidade desprovida de qualquer poder. Quando Wang Lung se vê chefe de algo, diante uma mulher servil, uma semiescrava desperta nele uma chama de cobiça. Que nada mais é que um sentimento muito ocidental, até mesmo capitalista. O crescimento de Wang Lung financeiramente e a revelação de seu caráter, acompanhados pelo sofrimento silencioso de sua mulher O-lan são intensos na narrativa. O final desse magnífico romance nos revela de modo irônico a divisão de um mundo antigo, que não era melhor, para um mundo novo que não será melhor, que tanto egoísmo, ganância, inveja serão perpetuados mas de modo diferente.


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