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DEPOIS DE LER ESSE ROMANCE O FAROESTE NUNCA MAIS SERÁ O MESMO



À medida que vamos avançando na leitura de Meridiano de Sangue vamos rindo de nós mesmos e rindo de John Wayne, e rindo de quando comprávamos livretos de edição barata de banca e o western se revelava com um mundo de bravura branca com índios imbecis.


A palavra para Meridiano de Sangue? Visceral. Essa poderosa obra de imagens onde a violência é como parte da natureza, como simples fenômeno desse ambiente. A violência esperada, latejante inserida de modo magistral onde tudo é parte de um todo. O cavalo, o índio, o branco, o canion, os miolos voando, o escalpo. E Cormac MacCarthy nos coloca nesse mundo hostil e orgânico, e podemos sentir em nosso link de memória ancestral a selvageria de nós mesmos, a nossa natureza. Cormac exibe a violência não de forma gratuita e jogada, mas sim um elemento de compreensão de um tempo, de uma situação histórica, e sobretudo sobre o temperamento e caráter humano.


Que mundo! Que mergulho no Texas rubro, fétido, árido, ermo e longínquo. Os índios matam como os brancos aqui não se engane. Acompanhamos um grupo que na grande aventura da conquista do oeste, que conhecemos quase sempre em outros livros e filmes, quase nada tem a ver com os desbravadores. Tudo em Meridiano de Sangue procede do que temos de pior em nós. E descobrimos que o pior em nós é parte simples da sobrevivência. E de que se não vivemos aquela barbária não é por que mudamos totalmente, mas porque nossa sobrevivência foi estruturada de forma mais inteligente e poderosa do que era antes.


No que diz da qualidade narrativa Cormac dá um show. Cenas inesquecíveis. Personagens que fazem gelar. Meridiano de Sangue é um daqueles poucos livros que faz você, depois de fechar o livro, agradecer o seu banho quente, sua renda, seu sofá e até mesmo o desagrado maior em seu quarteirão que é apenas um cracudo, um garoto...


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