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Ser escritor profissional no Brasil quais as chances?

Atualizado: 28 de jul. de 2020




Como a maior parte dos escritores você pode estar caminhando em um deserto e por um bom tempo nem ao menos percebeu esse deserto. Um dia, porém, sentiu a areia entrando entre os dedos do pé, o oscilatório terreno que nada parece fazer além de o cansar e então viu o horizonte vazio, ermo e distante. E então se perguntou, tem sentido essa caminhada?


Bem, infelizmente esse é o primeiro passo para se levar a sério como escritor, esse questionamento, pois antes disso você vive um deslumbramento infantil, um narcisismo solitário de sua condição de poder criar. Você não quer ser um José Saramago e nem pode ser, ou pode? Contudo, ao abrir os olhos você pode ver que não pode caminhar sozinho, que não pode querer o mundo a sua maneira, pois o mundo dos livros é maior que você e as pessoas não vão o escolher por você imaginar que é especial. Você não é um José Saramago, mas pode ter sua qualidade e identidade como escritor alcançada. Você terá que provar. E isso na analogia com o deserto significa encará-lo e seguir em frente. Tropeçando, oscilando, vacilando. Pois só caminhando sobre a areia e muitas vezes sem ver diferença alguma no terreno é onde poderá consequentemente encontrar uma trilha.

Se o mercado fosse um homem, o que ele me diria?

O Mercado: “Bem meu pequeno autor eu sou o Mercado e você não sabe o quanto eu vi de Maravilhoso e Medíocre em minha vida. Eu sou o próprio mar e você é um grão de areia na praia. Se há uma coisa que possa animá-lo é que em minha poderosa e imparável movimentação ora ou outra trago para o mar um grão que se torna algo grande e brilhante como uma rocha de diamante. Isso acontece, mas não pense que acontecerá com você. Não de maneira fácil ou milagrosa. Se você escreve tão bem quanto José Saramago ainda assim terá dificuldades. Se existem milagres eu não sei, mas há números incríveis no exterior e aqui mesmo no Brasil. Carolina Maria de Jesus foi uma escritora brasileira de pouca instrução que se destacou por seus relatos, em forma de diários, sobre sua dura realidade na favela. Quarto de Despejo publicado em 1960 vendeu até hoje cerca de 1 milhão de cópias. E obviamente que Carolina Maria de Jesus estava longe de ter o conhecimento e estilo do português ganhador do Nobel José Saramago. Bem estamos citando esse escritor por que você meu pequeno grão de areia deve se inspirar em José Saramago pois é o único escritor de língua portuguesa a vencer o Nobel. E pense bem você tem acesso a mesma ferramenta que ele, a língua portuguesa e a imaginação. Assim como tinha essa incrível autora Carolina Maria de Jesus, negra e com apenas o segundo ano do ensino fundamental. E isso não a impediu de lançar um livro que foi publicado em mais de 45 países. Paulo Coelho não preciso nem falar, não é mesmo? O sujeito tem R$ 2 bilhões e com mais de 40 publicou seu primeiro livro que não vendeu nem 500 exemplares o sucesso só veio depois dos 46 anos. Você bem sabe que Paulo Coelho não tem a qualidade literária de um José Saramago. Agora se você quer algo para desistir posso te dar também: "De acordo com o levantamento, o Brasil tem hoje 50% de leitores ou 88,2 milhões de pessoas. Se encaixam nessa categoria aqueles que leram pelo menos um livro nos últimos três meses, inteiro ou em partes. Entre as mulheres, 53% são leitoras, índice maior do que o verificado entre os entrevistados do sexo masculino (43%). Ao perguntar para os entrevistados quantos livros foram lidos nos últimos três meses, período considerado pelo estudo como de mais fácil para lembrança, a média de exemplares foi 1,85. Desse total, 1,05 exemplar foi escolhido por iniciativa própria e 0,81 indicados pela escola. São 50 mil novos títulos por ano. Incluindo o de José Saramago português e o seu brasileiro. 50 mil!! 60% desses não venderão mais que 2.000 exemplares. Pois é isso meu grão de areia.”

Mas qual será o seu pior sentimento em relação

a ser escritor?

Pergunte-se qual será o sentimento quando sua vida avançar, alívio de ter abandonado a escrita ou arrependimento de não ter continuado? Bem, isso só o tempo dirá a você. Da nossa parte o que achamos dar sentido a vida é o sonho. E o sonho da literatura não é algo irrealizável, como outros quase impossíveis como ser campeão de fórmula 1, pois tendo capacidade de escrever e paciência em fazer o melhor que pode, os processos de publicação são muito acessíveis hoje. É possível ter um livro lindo com design incrível como fizemos aqui na Design do Escritor para dezenas de autores. Um livro profissional, bonito e pronto para conquistar um público-leitor. O sonho da literatura está aí à sua frente, você só necessita de imaginação, prazer e perseverança. Embora não estejamos no melhor país do mundo para ser escritor, também estamos longe de ser o pior, você pode ver nesse artigo autores jovens que faturaram mais de 1 milhão de reais com seus livros. Nosso mercado editorial fatura 5 bilhões de reais ano, e você pode tirar sua fatia desse montante com certeza. Mas é claro que escrever tem muito mais a ver do que somente dinheiro. Você bem sabe disso.


Se você errou aceite isso como algo bom para transformar sua escrita. Se você se precipitou em se mostrar pro mundo como escritor e algumas pessoas riram de você acate isso como edificante para que fique mais atento e se prepare. Pois a verdade é que muitos que riem são preguiçosos e nunca escreveram sequer uma página e não conseguem fazê-lo, simples assim.


Você ainda tem tempo pela frente. Fique calmo. E tudo pode mudar de um ano para outro. Você não precisa querer ganhar o Nobel com seu livro como José Saramago, mas pode tirar muito proveito de continuar sendo o que você sente aí dentro de você. Publicar seu livro de modo profissional pode te dar visibilidade. Pode ser visto como alguém persistente, inteligente, pode ser melhor quisto e mesmo aumentar sua reputação entre as pessoas. Pode vir a conseguir um pequeno público-leitor devagar, sem pressa, mas que cresça e cresça mês a mês, pois é assim que acontece e ninguém pode conter isso e ninguém pode prever onde isso vai dar. Mas o que você pode e deve fazer é se questionar. Se lá na frente, quando eu ficar bem velho o que vou sentir pelo fato de ter decidido não escrever e publicar mais nada. Ter parado, ter escutado a voz dos que nunca torceram pra você te trará satisfação? Qual sentimento você terá diante a essa decisão que não pode mais mudar? Seja aquilo que te faz sentir mais alto do que onde as pessoas que te apontam o dedo o querem colocar.



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