Acordar, tomar seu café, ir ao computador e começar a produzir seu mundo, sua história. Depois de 3 a 4 horas desligar o computador, são apenas 13:00 da tarde e depois do almoço você tem todo o dia pela frente e pode aproveitá-lo, pois sua criatividade e conquista intelectual pode te dar isso. Você escreve livros e eles vendem. Você faz o que mais ama e isso funciona. Que maravilha!
Você está certo em sonhar.
Ok, ok mas a realidade é que viver de literatura não é a coisa mais fácil do mundo, mas se levarmos em conta dados como do IBGE que de seis a cada 10 empresas fecham no prazo de 5 anos, concluímos que viver de Literatura é tão difícil quanto qualquer outra coisa. Mas se existe uma vantagem em quem opta por viver de literatura é o fato de que esse individuo é movido pela paixão intermitente e poderosa que o leva a produção contínua, mesmo em situações desfavoráveis. A força motriz é a paixão que resulta em resiliência e felicidade mesmo que as coisas em termos financeiros não vão lá essas coisas.
No Brasil se fala sempre que não há muitos leitores, essa é uma visão mediana. Qualquer pessoa sem contato aos dados e conhecimento do mercado tem essa visão. É claro que o Brasil está longe de ser o país com maior média de livros lidos, por aqui a média por habitante é de 2.43 livros por ano, contudo isso abrange o número de não leitores que é bem grande com sub-leitores que leem um ou dois livros ano, mas o número mais importante é de leitores que consomem livros, os compram em livraria e leem inteiros em média 6 livros ano, mas tem muita gente que lê muito acima disso. Esse grupo que podemos caracterizar como leitores e consumidores “permanentes” do mercado correspondem a 30 milhões de pessoas. O IBGE já foi exageradamente positivo ao divulgar que 56% da população é leitora, pois inclui na pesquisa religiosos que leem a Bíblia e outros livros religiosos, além de considerar leitor aquele que conclui um livro a cada 3 meses, embora o religioso não deva ser levado em conta nessa conta, pois ele não contribui para o crescimento do mercado e não deveria ser considerado leitor no sentido de literatura, contudo grupo o segundo é importante e impacta no mercado pois alcança um número maior de pessoas que pode vir a ajudar o escritor em suas vendas. O importante para quem quer viver de literatura é focar nos 30 milhões de leitores-consumidores “permanentes”, embora corresponda há cerca de apenas 14% da população (e por esse percentual cria-se o cenário falso-positivo de que o brasileiro não lê) esses 14 é um número enorme. Para se ter uma ideia isso corresponde a 5 milhões a mais de pessoas que toda população da Austrália. É como você ter toda população da Austrália mais de brinde a população inteira do Uruguai só de leitores no Brasil!! Agora você ficou chocado com o grande país de leitores que você vive, não?! Bem, calma lá, sim ainda estamos falando de apenas 14% da população, mas realmente para manter a perseverança você deve se focar apenas nos 30 milhões de leitores! Todos eles são potenciais leitores ou consumidores do seu livro.
Bem, esses números são bons, mas a realidade é que é preciso trabalho duro para se viver de literatura. Nós já vimos nesse blog que há uma série de casos de autores que vivem muito bem de literatura e esses vivem apenas dos seus livros, veja mais no incrível artigo 10 autores nacionais vivos que faturaram mais de 1 milhão de reais com seus livros. Mas não podemos pintar aqui um painel onde tudo são flores e todos vivem apenas do seu livro, pois isso também não é verdade. Contudo deve se ter em conta que Viver de Literatura não é apenas viver dos direitos do seu livro. Eu me considero vivendo de literatura há 11 anos quando comecei a Design do Escritor. Tenho um livro publicado O Que Você Vai Ser Quando Morrer, ele vendeu pouco mais que 400 exemplares ao longo de um bom tempo. Certamente não daria para viver do livro, mas vivo de literatura de uma forma ou de outra quando estou criando capas de livros, ou fazendo copydesk, ou escrevendo um livro por encomenda como ghost-writer. Escrevi um livro para um empresário e esse vendeu 15.000 exemplares, e não há nenhum problema em não poder revelar o que eu que escrevi, na verdade essa é a ética do ghost-writer. Além desse escrevi outros 3 livros encomendados e foi prazeroso fazê-lo. Claro que não é como escrever aquilo que seria minha ideia, mas é escrita de qualquer jeito e isso já é muito gratificante. Se não vivo diretamente do meu livro, eu Alexandre Boure, vivo de tudo que contribui para a literatura ser real e chegar de forma profissional a mãos de leitores. Como revisão de texto, copydesk, booktraileres, capas e diagramações. Outros escritores fazem oficina literária, tradução, tem canais no youtube, dão palestras e tudo isso entra do universo literário. E é sim viver de Literatura.
Em uma pesquisa foi apontado de que só quatro dos 50 escritores pesquisados vivem apenas dos seus livros, três deles no campo da literatura juvenil/de entretenimento, apontaram a venda de livros como principal componente de sua renda.
Tammy Luciano é uma autora desse perfil, que levanta a bandeira da literatura comercial; seu romance “Claro que Te Amo!” vendeu 10 mil cópias em 45 dias. “O jovem consome muito. O livro para esse público pode ser vendido em larga escala”, diz.
No geral, as principais fontes de renda decorrem de atividades relacionadas à escrita, como dar aulas ou palestras, realizar oficinas literárias, traduzir livros, trabalhar com jornalismo ou criar roteiros de cinema e televisão.
Apenas 11 dos 50 entrevistados disseram ter profissão sem relação com atividade artística e, desses, dez apontaram essa outra ocupação como principal fonte de renda.
Os exemplos são muitos e o mercado editorial é uma grande indústria e a razão desse artigo é para esclarecer que viver de literatura requer paixão e muitas das vezes não será da venda de seus livros pura e simplesmente, mas isso pode acontecer também. O primeiro livro de Paulo Coelho depois dos 40 anos de idade vendeu menos do que meu livro, ou seja, não chegou a 400 exemplares, hoje Paulo Coelho soma R$ 2.5 bilhões de lucro com seus livros. Você pode ver mais sobre isso nesse ótimo artigo Paulo Coelho. Por que esse carioca conseguiu ganhar 2,5 bilhões com seus livros. Contudo conciliar outra atividade pode e tem sido possível e centenas o fazem. São poucos que conseguem tirar 100% da sua renda do livro, mas eles existem e são um número razoável. Um número muito maior consegue tirar 50% - 30% -20% de sua renda dos livros vendidos. Lembre-se, o Brasil, embora seja taxado por quem não conhece de país que não lê tem uma enorme multidão que lê, cerca de 30 milhões de pessoas e isso é gente pra caramba. São pessoas que compram livros todos os meses e leem vários livros por ano. E aí está seu público e daí que sua renda virá para você viver de literatura um dia!
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